CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 29 de abril de 2018

O QUE É SEU É LINDO,MAS DEVE SE GUARDAR PARA O BEM

"Eu sou a videira verdadeira". Certamente havia uma forma alegórica muito forte sobre o uso da videira nos discursos religiosos para explicar a importância de se pertencer a Deus, de ser todo Dele, tanto no judaísmo quanto no paganismo grego e romano. No mundo helenístico (de cultura grega), o simbolismo da videira indicava uma vida; no mundo hebraico, ela simbolizava o tempo messiânico (abundância do fruto da vinha - cf. Gn 49,10-12), o próprio Israel em Os 10,1-3, e, em Is 5,1-7, o profeta mostra Israel como uma vinha, que apesar de todos os cuidados do viticultor, chamado de "amado", estéril, incapaz de produzir os frutos desejados pelo amado, incapaz da reciprocidade de amor. Ez 15,1-6 mostra como Israel, sendo a vinha de Deus, traiu o Senhor, não correspondendo no mesmo amor. Enquanto Deus a amava, cuidando carinhosamente dela, ela, por sua vez, mantinha-se estéril no amor, empedernida na contra-mão do horizonte de Deus. Esperançoso, o salmista reza: "Voltai, ó Deus dos exércitos, Olhai do alto céu, vede e vinde visitar a vinha. Protegei este cepo por vós plantado, este rebento que vossa mão cuidou" (Sl 80,15-16). A prece do salmista é o anseio por uma profunda transformação, por um perfeito encontro entre Deus e seu povo, realizado em Cristo.
2. Jesus Cristo é a videira perfeita, no qual se encontra definitivamente o novo povo de Deus. Não será mais possível constituir o povo de Deus sem Cristo, que é a Cabeça do novo povo, do corpo, chamado Igreja. O acento agora é cristológico, pois somente em Cristo, a vinha do Pai (o agricultor) dará os frutos por Ele desejados. Por meio de Jesus Cristo deu-se um ruptura com o antigo Israel. É permanecendo em Cristo, que cada ramo, que cada pessoa, que a vinha inteira dará frutos. Esse permanecer indica a necessidade da comunhão com Cristo e a impossibilidade de salvação sem Ele.
3. Por outro lado, separar-se de Cristo (o mesmo que tornar-se galho seco) indica perdição. "Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta" ( significa condenação); "e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda" (poda, cuida, zela, limpa, purifica dos pecados). Sem a videira é impossível continuar vivo. Há, portanto, uma conotação escatológica no texto: o juízo será de vida para quem permanece, será de morte, para quem O nega ("será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados").
4. Cristo e seus discípulos formam como que um todo, uma única identidade na vivência recíproca do amor. Os discípulos permanecem em Cristo, e Este nos Seus discípulos. Ambos constituem a videira, sendo a Igreja os ramos, a tal ponto que já não se pode separar um do outro. Não existe Cristo sem a Igreja, nem Igreja sem Cristo. Somente a partir dessa comunhão recíproca, a Igreja pode voltar-se para o Pai, ser toda de Deus e capaz de Suas graças e dons e, ainda, de dar-LHE glória para sempre. Jesus como videira, e o Pai como agricultor, são as raízes da comunidade cristão, o fundamento de toda a nossa fé. O Pai é quem cuida para que Seu projeto seja realizado através do Seu Filho na potência do Espírito Santo.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo

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