CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 17 de fevereiro de 2018

ESTAS PALAVRAS VÃO PARA TODO MUNDO

Mc 1,12-15
1. Segundo Marcos, Jesus, uma vez batizado, vai para o deserto enfrentar o inimigo da humanidade. Lá será provado e verificado no mais profundo de sua obediência à vontade do Pai. O Evangelista Mateus acrescenta o seguinte: “O Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo”. O Espírito é quem conduz Jesus para ser tentado. Certamente, com isso, tem-se o objetivo da vitória como novo Adão e como o novo Israel. Em outras palavras, trata-se do surgimento de uma nova humanidade, ou, melhor dizendo, da humanidade pensada por Deus desde o princípio. Toda a vida de Jesus é guiada pelo Espírito de Deus até mesmo para a provação. Uma vez ungido no batismo, Jesus precisava, na sua humanidade, passar pelas provações de Adão e de Israel no deserto, pois NELE estava acontecendo a libertação da humanidade representada em Adão e libertação de Israel, que, por muitas vezes, virou as costas para o Senhor. Jesus enfrentará a antiga Serpente, Satanás, e revelará ao mundo o cumprimento da vontade do Pai. Por Ele, a humanidade e Israel tornaram-se fiéis ao projeto de Deus, dando o verdadeiro SIM exigido pelo Senhor. Em Jesus Cristo, o Pai encontrou a humanidade e Seu povo.
2. “Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, depois disso, teve fome”. Não havia necessidade pessoal de Jesus para praticar o jejun, mas havia uma necessidade exigida pela humanidade. Sabe-se que o jejum permite a quem o faz refletir sobre suas próprias limitações (nesse sentido combate seu orgulho); descobrir a necessidade do outro (ensina a solidariedade); estimular a comunhão com Deus (não só de pão vive o homem); e impulsionar a prática da caridade. É necessário ser, antes de tudo, consciente da própria fé, decidido na caridade, aberto à esperança, para se poder colher os benefícios do jejum; precisa ter um horizonte essencial, uma meta a ser alcançada, uma vontade de realização em Deus. Tendo tudo isso em mente e o bem maior para todos, Jesus mergulhou na dinâmica desértica da Sagrada Escritura, e, nos simbólicos quarentas dias, tempo propício para uma sublime vitória interior assinalada por Moisés na montanha (Ex 34,28), também por Elias no monte Horeb (1Rs 19,8), e ainda, pelos quarenta anos de Israel no deserto. Quarenta dias, concretamente falando, é o tempo necessário para alguém superar qualquer vício. Faça o teste: meditando a Palavra de Deus, pondo-se em oração constante, praticando caridade e abstendo-se do que lhe faz mal.
3. O deserto é o lugar dos “demônios” e da formação do povo de Deus. Aqui se encontra uma referência às lutas internas que devemos travar dentro de nós mesmos. É preciso ter coragem para combater tudo aquilo que contraria a vontade de Deus. “Nossos demônios” são todas aquelas coisas que nos animalizam, nos aprisionam à carne, ao mundo, à matéria, ao visível, ao aqui e agora. Satanás age, servindo-se como que de um “anzol”, nele colocando aquilo que nos é mais palpitoso, a fim de que, irresistivelmente, caiamos na sua armadilha. Israel caiu nos planos diabólicos, blasfemou contra Deus e, ainda, quis retornar à escravidão no Egito. Pois é, o diabo procura fazer-nos pensar que nos basta a realização aqui. Ilude quanto ao nosso futuro: a glória de Deus, a comunhão eterna. Com grandes raciocínios, inculca-nos a ideia de que é inúltil um céu de glória se há tanta miséria na terra. Com isso, ele consegue, em muitos, eliminar o futuro pensado por Deus, tornando-os escravos de uma matéria sem o amanhã. Nessa ideia foram gerados os seus filhos: o iluminismo, o materialismo, o comunismo, as ideias de Marx, o ateísmo, muitas reflexões da teologia da libertação, da teologia feminista radical e a forma de pensar de muitos ainda hoje, baseando-se nos princípios ilusórios de uma humanidade sem Deus. Faz-se necessário o cambate contra o animal dentro de nós mesmos e contra a ideia de que só seremos humanos se formos racionais. O homem sem Deus usa sua inteligência para viver na dependência de duas vontades: a do próprio instinto e a do diabo.
4. Em Jesus, fomos vitoriosos, aprendemos como vencer e descobrimos o nosso futuro e o Reino no qual devemos viver. “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!”. Jesus é, de fato e por essência, o Filho de Deus, e o Diabo sabe que Ele realmente tem o poder de transformar o que quiser, mas seu intuito é justamente colocar Jesus contra a vontade do Pai e torná-LO seu aliado. Ele quer destruir o projeto de Deus, a fim de que seus sistemas desumanos permaneçam e ele se torne absoluto no coração humano. Ele conseguiu com Adão e com Israel, agora é a vez do próprio Filho e, com isso, seria o fim. Além disso, se Jesus entrasse na dinâmica dele, faria emergir um deus da prosperidade, um deus do espetáculo e da mágica, um deus segundo o interesse desordenado dos pecadores. Pelo contrário, Jesus combate toda e qualquer manipulação e enganação com a Palavra de Deus. Ele e todo voltado para o Pai. Seu alimento é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). Na Sua obediência está a construção de uma sociedade-familia de Deus, um novo povo obediente, servo, disponível e partilhador; um povo oblativo, que coloca sua vida à disposição do bem do outro; um povo que odeia o pecado e as injustiças e luta pela libertação total de todos; um povo que tem como condição legítma de vida: amar do jeito de Jesus, amar até os inimigos, para o bem salvífico deles; um povo que não concebe o mundo como residência fixa, pois seu futuro é Deus mesmo; um povo que vive segundo a Palavra que sai da boca de Deus, uma Palavra criadora, protetora e salvífica.
5. “Então o diabo levou Jesus à cidade santa, colocou-o sobre a parte mais alta do templo e lhe disse: ‘Se és Filho de Deus, lança-te daque abaixo! Porque está escrito: Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. O diabo dá uma demonstração de que conhece textos da Palavra de Deus, para usá-los a seu bel prazer contra o povo de Deus. Ele usa o Sl 91,11-12, certamente deturpando tudo. O salmo se refere a quem humildemente se coloca à disposição do Altíssimo e não de quem O tenta. As artemanhas do inimigo já são conhecidas. No começo, Adão e Eva cederam a elas, Israel também, mas Jesus tem outra visão, outro interesse. Sua razão de ser na história é viver exclusivamente para o Pai na Potência do Espírito Santo. O diabo quer um Jesus desobediente e capaz de se revelar conforme o desejo da expectativa do próprio povo de Deus, isto é, um Messias poderoso em obras e ações espetacurales, um rei cheio das glórias humanas, idolatrado por todas as nações. Para isso, era suficiente mostrar Seu poder e Sua intimidade com o Pai, que sempre esteve do Seu lado para defendê-lo até da morte. Ora, Jesus nem queria ser o messias da cabeça do povo nem, muito menos, fugir da morte. Ele sabia que o morrer estava na sua estrada para o bem de todos. Além do mais, a humilhação total fazia parte de Sua realidade Kenótica (esvaziamento) em favor da salvação. Jesus, portanto, não quis prestígio, não abraçou a ideia de um messias de honras e glórias, pois se tratava de traição à vontade de Deus e constituía, por isso mesmo, idolatria. O Messias do espetáculo, do show e da mágica é o que muitos buscam ainda hoje. Na cruz, ainda disseram: desce, para que vejamos e creiamos. Pois bem, quem dessa forma ainda pena é idólatra e preso à realidade do velho homem abandonado às mercês do Inimigo.
6. “Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória e lhe disse: ‘Eu te darei tudo isso se te ajoelhares diante de mim para me adorar’”. Depois de querer colocar Jesus como o Messias do prestígio e contra a salvação de Israel, agora O coloca diante do mundo. O texto evidencia que os reinos do mundo e sua glória pertencem ao diabo. Aqui, mais uma vez, revela-se a verdade do iluminismo, materialismo, comunismo, ateísmo, desejo de bens materiais a qualquer custo, desejo de viver somente aqui, prazer em realizar-se somente neste mundo e, por causa dele, esquecer o Céu, a eternidade, o que Deus tem preparado para todos. A busca pela realização no mundo é, antes de tudo, negação de Deus, e submissão ao diabo, que tem posse de tudo isso e das mentes materialistas, mesmo que se digam ateias. O ateu, mesmo não buscando diretamente o diabo, torna-se aliado dele no combate ao projeto de Deus e a libertação do homem. Adora o diabo não somente quem a ele conscientemente se entrega, mas também quem se torna indiferente a Deus e à salvação de si e dos demais. Jesus o combate e ensina às nações que a idolatria é inimiga do bem maior para todos; que todas elas devem descobrir o Deus Todo-Poderoso que as criou através do Seu Verbo, que, no tempo favorável, Se faz presente no meio delas, para libertá-las e conduzí-las à Verdade e à verdadeira Vida. Jesus ensina que todas as misérias, como corrupção, pobreza, desumanização, covardia, mentira, ódio, desespero, falta de sentido de vida, depressão, guerra, fome, peste, terrorismo, entre tantas outras coisas terríveis se devem à busca desordenada pelo poder ilusório deste mundo. Tudo aqui passa, só Deus É. Quem se vende por dinheiro, entrega-se à corrupção e explora o semelhante não é digno de ser chamado de humano, porque o humano foi pensado por Deus, mas chamado de miserável, porque se fez filho do diabo. Não faz parte de Sua vida nem de Seus planos ser um Messias do poder, um usurpador do poder de Deus, que age para libertar, mas que, pelos políticos, é usado injustamente. Ele não quer ser chefe político de uma realidade injusta. Somente servindo, Ele salvará a humanidade. “Adorarás ao Senhor teu deus e somente a ele prestarás culto” (cf. também Dt 6,13). Ou seja, adora verdadeiramente a Deus quem se faz servo no Servo, filho no Filho, obediente à vontade de Deus até a morte.
7. Jesus, após as tentações, foi servido pelos e anjos e tornou-se pronto para a missão evangelizadora. E quanto a você, quais são suas tentações? O que vocêm tem de vencer todos os dias? O que conduz sua vida ao distanciamento de Deus? Você costuma acumular bens? Tem apego ao prestígio, aos aplausos, as honras e vaidades do mundo? Tem interesse pelo poder? O que lhe permite querer tanto o poder? Tem interesse pela vida em comunhão com Deus? Tem desejo de voltar para a Casa do Pai? Quem ou o quê é seu maior tesouro? Consegue colocar seu prazer na verdade, independentemente da vontade instintiva? Combata vc mesmo nesse deserto, vá em frente! Os anjos de Deus estarão com vc. Deus mesmo se fará presente em sua vida. Ele venceu por mim e por vc. Vitorioso, Ele partiu em missão para restaurar a todos. Vencido o inimigo, Jesus vai adiante decidido mudar o mundo, convertendo as pessoas segundo Sua maneira de pensar. Ele agiu corajosamente, arriscando sua própria vida para todos vivêssemos. É justamente isso que Ele espera de nós: decisão de mudar, conversão total e coragem de arriscar a própria vida em Seu nome. Não podemos perder tempo, porque o Reino de Deus já está aqui, é Ele mesmo, o Filho de Deus. Com Ele veio a paz, a libertação para todos. Não se trata de qualquer paz, mas aquela que surge do amor e da verdade.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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