SOMOS TODOS A IGREJA DE CRISTO

Lc 12,1-7

1. "Milhares de pessoas se amontoam para escutar Jesus". É uma referência à necessidade do povo quanto à verdade e à revelação de Deus. Essa multidão também representa a humanidade inteira no que se refere à urgente descoberta de Deus, da justiça, verdade e amor; uma humanidade que se encontra cheia de corruptos, hipócritas, mascarados e orgulhosos. Jesus Cristo se apresenta na condição de quem libertará essa humanidade, oferecendo-lhe a vitória sobre tudo aquilo que destrói o homem, especialmente a hipocrisia (do grego hypokrinein ou hypokrisía), um tipo de veneno destruidor da dignidade e da vida do outro. A palavra hipocrisia nasceu no palco. Os atores se apresentavam como sendo outras pessoas. Mais tarde, passou a designar gente falsa e fingida. Pois bem, por causa da hipocrisia de alguns é que milhares apinham ali diante de Jesus querendo somente realizar seus sonhos de liberdade e de paz, de justiça e de misericórdia.

2. "Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos". Eles necessitam ser identificados com o Mestre; devem se prevenir contra o fermento dos fariseus, isto é, não devem ser hipócritas, coveiros da verdade e da solidariedade, eclipsadores do bem e da revelação de Deus; não devem aparecer mais do que o Mestre; nada que esteja preso à forma de pensar do fariseus na forma de governo, deve fazer parte da vida dos discípulos da Verdade. Os discípulos devem, portanto, proclamar, com coragem e clareza, a verdade sobre Deus e o homem, devem proclamar os ensinamentos de Jesus mediante uma vida profundamente ligada ao bem maior, ao Mestre e totalmente voltada para o Pai. Sem as amarras internas da hipocrisia e na força do Espírito Santo, os discípulos anunciar a Palavra da Salvação, na qual foram formados.

3. “Não há nada escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido”. A verdade do ser não tem natureza de escondimento. Seu ser é, por natureza, manifestação de si. Não se esconde a existência. O existir já é uma expressão do ser e de tudo o que ele faz. Isso mesmo. Também o fazer é manifestação. Por isso, nada que seja o homem e nada do que ele faça ficará velado. Tudo o que ele é e faz existe e, como tal, manifesta-se. A verdade do ser e do fazer tende a ser conhecida, é sua natureza. Por isso que não adianta o esforço do escondimento. Mesmo a mentira, ela não se mantém, porque a verdade a torna evidente, isto é, desvelada. Não adianta, como no caso do texto de hoje, agir por meio de mascaras, falsidade, fingimento, pois tudo isso não suportará a força de uma existência reveladora, isto é, de uma força natural que impulsiona para a descoberta necessária da verdade.

4. "... não temais...". A escola da fé de Jesus ensina a verdade, o amor, a justiça, a solidariedade, a misericórdia, a coragem, etc. Tudo aquilo que deve ser colocado para o bem da salvação do outro faz parte do plano formativo do Mestre de Nazaré. Além do ensinamento oral, os discípulos participaram das mais eloquentes lições do testemunho de vida da experiência de Jesus, que para realizar a vontade do Seu Abbà, não temeu o mundo, os homens e a morte. Sua vida foi sempre SIM quando era sim, NÃO, quando era não. Em tudo, foi sempre SIM ao Pai e à salvação dos Seus. Com esse testemunho, os discípulos são convidados, longe do fermento farisaico, a viver corajosamente o Evangelho e a confiarem absolutamente na ação de Deus nos momentos mais difíceis de suas vidas. Livremente, à luz da cruz e ressurreição, trazer à luz a verdade escondida em muitos corações.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo