CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 22 de outubro de 2017

A PALAVRA REFLETE A VIDA


Mt 22,15-21 (Mc 12,13-17; Lc 20,20-26)
1. As autoridades enviam, com esperteza, alguns dos seus discípulos para interrogarem hipocritamente Jesus de Nazaré. Os chefões tem medo de ser humilhados em publico, por isso expõem seus discípulos ao ridículo. Eles vivem de “imagem social”, são formas caricaturadas, sepulcros caiados, falsos consigo e com todos. São homens do poder e da fama. Então, dois grupos de discípulos das autoridades vão até Jesus: um grupo dos fariseus e outro dos herodianos. Este, mais ligado a Roma, ao poder político, adeptos da dominação romana; aquele, indeciso, acomodado, doutores da lei, conhecedores das Sagradas Escrituras, mas hipócritas, sempre em cima do muro, pois mesmo não sendo a favor de Roma, dependem dela e, por isso, procuram viver a fidelidade a Lei e na dependência de César.
2. Ao aproximarem-se de Jesus, tais discípulos das autoridades, querem levar aos seus líderes uma possível resposta fracassada de Jesus, algo que pudesse revelar um Jesus tipo enganador, falso profeta, alguém ou posicionado do lado de Roma ou contra sua “paz”, sendo favorável ao imposto, sinal de dominação, aplicado de forma injusta (à semelhança do Brasil, que usa os impostos não para o bem da população, mas para encher os bolsos dos politicos e comparsas), e assim, colocava-se a favor da opressão e contra o povo sofredor, ou do lado contrário, e, por isso mesmo, contra Roma, o que lhe renderia o título de subversivo e, por consequência, a cadeia . De qualquer modo, o que eles queriam era ridicularizar Jesus diante de Seus discípulos, já que o texto inicia dizendo que “queriam apanhar Jesus em alguma palavras”, isto é, preparavam uma armadilha para o Mestre, e vê-LO separado da população, distante dos seus projetos.
3. “Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: ‘Por que me tentais?”. Claramente Jesus expõe a hipocrisia deles, que expressam aquilo que são seus mestres. Eles têm as marcas dos seus formadores. Hipócritas formam hipócritas e espalham sempre mais tal cizânia pelo mundo inteiro; corruptos formam corruptos, e assim por diante. Quem não tem raiz teme qualquer vendaval; quem não tem objetivo verdadeiro, agarra-se a qualquer pensamento; quem não tem foco, ainda não se encontrou com a verdade; quem procura derrubar os outros, vive na ilusão de que é alguma coisa. Essa é a realidade de quem não vive na verdade, de quem não tem a experiência do amor, daquele ou daquela que ainda não entenderam a beleza de ser um ser humano de fé e esperança, de fazer de sua vida um motivo de libertação. Aqui diante de Jesus temos o encontro entre a ilusão e a Realidade, a hipocrisia e a Verdade, as trevas e a Luz. Eles estão agindo, nesse encontro, como o diabo no deserto ao tentar o Salvador. Realmente, quem defende uma sociedade injusta e exploradora não pode agir senão na ilusão do inimigo da libertação.
4. “Trazei-me um moeda para que eu a veja”. E pergunta-lhes: “De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam que era de César. Pois bem, eles se encontravam em contradição, porque carregavam consigo uma moeda com a figura do imperador que se dizia “divino”, e na moeda havia os títulos “divinos” do mesmo imperador. Nesse caso, ao portar consigo tal coisa, era uma forma de idolatria, pois o imperador se dia “deus”. Um filho do Deus de Israel não pode ter outro deus (Ex 20,4; Dt 6,4). Então, já estão totalmente errados, porque não se trata somente de carregar a moeda consigo, mas de ser apegados a ela. Ou seja, por causa da idolatria do dinheiro, rebaixam-se ao “imperador divino”, falso deus; aceitam sua dominação e opressão, porque lucram com isso também. Pelo contrário, devem devolver a César o que a ele pertence, mas é preciso dar a Deus o que é de Deus, isto é, sua própria vida, não ter outros deuses, não se dobrar diante de nenhuma criatura e adorá-la, não perder a própria dignidade de imagem e semelhança de Deus e como devem viver. O povo pertence a Deus, as lideranças pertencem a Deus, o universo inteiro pertence ao Criador, portanto, somente Ele, Deus, Javé, é o Senhor e não há outro. César deve ser tratado como um homem, criatura, político, que deve exercer levando em conta a dignidade da população, seus direitos e deveres, e não assumir para si o que somente a Deus pertence. E o povo deve ser consciente disso. A imagem de Deus está estampada em nós, isto significa que somos mais valiosos que tudo nesse mundo. Se as pessoas se apegam às moedas por serem de César, com imagem dele, muito mais o ser humano, que é imagem do Deus verdadeiro, então possui mais valor, mais importância. Que se voltem para Deus e descubram o valor da pessoa humana, principalmente aquela que sofre.
5. Aquela moeda indicava a idolatria dos fariseus e herodianos, simbolizava a possibilidade de se viver com a opressão e a fé. Jesus destrói tal mentalidade, mostrando que a injustiça começa onde não existe o reconhecimento do verdadeiro Deus e, por causa disso, da dignidade humana em Deus; onde a infidelidade criou raízes e a mentira sentou-se no lugar mais sagrado do Templo de Jerusalém, das mentes dos conhecedores das Sagradas Escrituras e do coração dos falsos governantes. Os líderes de Israel ali, diante de Jesus, se revelaram adoradores de Satanás, que os iludiu com a proposta de ter tudo, mas que, em contrapartida, o adorassem. Quem defende o comodismo político a seu favor e oprime o povo de Deus, e, além disso, usa a fé para justificar tal ação, é um seguidor do inferno.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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