CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

TOME SUA CRUZ E ME SIGA

Mt 16,21-27 (o texto de hj é Mt 16,24-28)
1. “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Mt enfatiza Jerusalém como o lugar da realização salvífica e coloca alguns pontos teologicamente importantes para se entender o verdadeiro Messias, sua missão, condição de vida, entendimentos dos discípulos e exigências missionárias. Na base do texto, está o anúncio da paixão de Jesus. Nos sinóticos, por cinco vezes aparece o anúncio da paixão do Senhor, alguns mais desenvolvidos e outros mais breves, por exemplo: Mc 8,31-33; 9,30-32; e 10,32-34 (anúncios mais desenvolvidos) e Mc 9,9; Mt 17,9, - no final da narrativa da transfiguração - bem como Mc 14,41; Mt 26,45 –- e Lc 9,44 (breves) – no contexto do Getsêmani.
2. Quem se colocará como obstáculos na missão de Jesus? Os anciãos (aristocratas de Jerusalém e grandes latifundiários em Israel, os quais faziam parte também do Sinédrio: tribunal supremo. Além disso, representavam o dinheiro e formavam a base dos saduceus), os sumos sacerdotes (também aristocratas, nesse caso representado a casta sacerdotal, e eram, além disso, do partido dos saduceus) e os doutores da Lei (classe intelectual, sendo a maioria do partido dos fariseus, detentores do poder do saber segundo suas ideologias. Considerados como homens “donos” da verdade e de formadores da opinião pública – formam o poder judiciário). Além desses, todo aquele que se coloca a favor da mentalidade messiânica existente, isto é, o messianismo politico, apresenta-se como um grave obstáculo a Jesus, como uma tentação a ser superada pelo Mestre. Combater essa mentalidade é uma necessidade, que trará graves conseguencias tanto para Jesus quanto para Seus discípulos.
3. A partir do anúncio da paixão, uma nova fase se estabelece na vida de Jesus, na compreensão de Sua pessoa e na forma como devem ser os Seus discípulos. Essa nova fase não será mais de euforia, mas de rejeição, sofrimento e perda, inclusive, de muitos dos Seus discípulos. Jesus prepara mais diretamente os Seus, pois todos deverão enfrentar os mesmos desafios do Mestre. Eles deverão ser fortalecidos na fé e no conhecimento de tudo aquilo que Jesus propõe para todos, para a realização do projeto do Pai. A Eles, Jesus se revela como Servo, como quem não possui outra forma de ser senão a de obediência, de entrega total, totalmente desapegado e livre de todo tipo de amarras. Seu ser é todo para o Pai e de modo exclusivo. Por ser todo para o Pai, torna-se todo para a humanidade, para a salvação de todos. Em si não manifesta nenhum interesse pelas riquezas do mundo e seu poder, não suporta a ideia de ser rei politico, representante de nenhuma forma de governo humano. Não passa pela sua cabeça ser o cumpridor da promessa messiância no sentido de ser o Novo Davi, o restaurador da dinastia de Israel Segundo a compreensão das lideranças e do povo de Israel. Inclusive isso passava pela cabeça de todos os Seus apóstolos e discípulos. Pedro, por exemplo, sentido-se na autoridade de corrigir Jesus, pretende convencer Jesus do contrário, possibilitando a reprodução a terceira tentação de Jesus no deserto. As palavras proferidas por Pedro, naquela situação, são como que tropeço para vida de Jesus. Isso significa total desconhecimento dele tanto nessa questão quanto na afirmação de que Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Em outras palavras, tanto Pedro quanto os demais necessitavam mudar completamente de mentalidade.
4. Segundo Mt, os ensinamentos de Jesus são dirigidos aos Seus discípulos. Mc, por sua vez, acrescenta também a multidão; e Lc, sem restringir ninguém, entende que o ensinamento de Jesus é para todos, é universal. Nesse ensinamento, Jesus deixa claro que Seus discípulos jamais deverão viver em vista de si mesmos, não ter medo de carregar a cruz e seguir o Servo sofredor, fazendo de suas vidas verdadeiros dons de entrega de si mesmos para o bem de todos. Além disso, não devem colocar suas vidas com algo absoluto, no sentido de não se “desgastarem” por amor ao Reino dos Céus. A vida de cada um é um dom, mas deve ser colocada à disposição da salvação, da vontade de Deus. O contrário não seria vida. Querer salvar a própria vida, segundo a mentalidade humana, é o mesmo que fazer uma estrada de morte, porque as escolhas são sempre contra a própria natureza. A verdadeira vida é aquela oferecida por Jesus: Sua própria vida, a vida ETERNA. Os discípulos não devem se apegar às coisas do mundo e suas riquezas, não devem lutar por interesses que não sejam salvíficos; devem ser desapegados, livres, solidários, disponíveis e amantes do bem e da verdade. Os que têm coragem de “perder” a vida do mundo, certamente ganharão a Vida de Deus.

Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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