CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ENCONTRO COM JESUS HOJE

Mt 15,21-28; Mc 7,24-30

1. Algumas vezes tenho falado da forma como Jesus tem agido na história se misturando com a humanidade, possibilitando-a de seguir Seus passos rumo a sua libertação. Jesus nasce judeu, prega para judeu, mas, segundo o episódio de hoje, abre também seu ministério aos pagãos. É por isso que a primeira coisa importante a ser observada pelo texto é a entrada de Jesus em território pagão, depois de tornar claro que a impureza sai de dentro do homem. Com isso, Ele coloca em xeque justamente o pensamento judeu quanto à impureza no que diz respeito a alguns alimentos, doenças e pessoas estrangeiras tidas como ímpias e idólatras. A presença mesma de Jesus em ambiente pagão indica a confirmação de seus ensinamentos: o interior do homem é o lugar tanto do encontro com Deus quanto de sua própria desgraça. No caso do texto, Jesus revela Seu interior todo voltado para o Pai e para o bem da humanidade.

2. A mulher de cultura religiosa grega e nacionalidade siro-fenícia representa a comunidade pagã de Mt e Mc. O texto de Mt enfatiza, entre outras coisas, o “grito” dessa pagã, a ligação messiânica de Jesus com Davi e uma certa “indiferença” de Jesus, assegurada pelos Seus discípulos. Trata-se, na verdade, de um processo de verdadeira conversão e exigência e coragem para enfrentar os obstáculos à realização da pessoa em Deus. Duas coisas emergem dessa figura: primeiro, ela toma consciência de sua condição de "cachorrinho", segundo o diminutivo usado pelos evangelistas Mt e Mc. Ela sabe que, conforme o pensamento judeu, não tem direito algum a nada que pertença ao mundo judaico. Jesus traz isso a sua memória, torna-a consciente dessa realidade. O que ela gostaria de receber, nesse sentido, seria impossível. Segundo, ela demonstra uma profunda confiança em Jesus, volta-se completamente para Ele, humilha-se pela necessidade e pela certeza do poder que transparece na pessoa do Mestre: "Os cães comem as migalhas que caem das mesas dos seus donos". Para ela serve o resto, contanto que ele venha saciar suas necessidades. Jesus se encanta com a resposta humilde da mulher e, mesmo à distância, realiza o desejo dela, libertando sua filha.

3. A missão de Jesus é, antecipadamente, inaugurada por Ele mesmo. Aquilo que estava reservado somente para depois de Pentecostes, agora já tem seu início e indicação missionária. Os discípulos, que estavam a sós com Jesus, para um maior aprendizado, tiveram, mediante essa situação, a concretização dos ensinamentos de Jesus sobre o que é puro e impuro, enfatizando o coração como o lugar da decisão maior. Jesus se admira com a fé, com a humildade e a entrega de si própria daquela mulher. Na verdade, Ele está dizendo que toda a Igreja, que cada batizado e batizada se comporte do mesmo jeito, em total abandono nas mãos de Deus e na abertura à ação do Espírito Santo, a fim de que todos sejam configurados a Cristo Ressuscitado.

4. Agindo no mundo, os discípulos devem reconhecer em cada pessoa não a diferença de cultura, mas o que de excelente existe nela. É importante lembrar que todos as pessoas foram criadas por Deus, por isso mesmo têm suas marcas, sinais do Seu amor, verdade e fidelidade. O outro, aquele que ainda não conhece Jesus Cristo, não é filho do Diabo, mas filho de Deus na ordem da criação. Ele pode até viver na idolatria, mas isso não significa que deva ser desprezado, ou ainda mais conduzido à morte, pois um pecador não tem poder sobre outro, pois ambos são réus de morte por causa do pecado. Pelo contrário, o anúncio da Verdade defe ser feito segundo o amor e o reconhecimento da importância do outro e de sua história. A verdadeira transformação só acontecerá quando o outro se encantar com a mensagem anunciada e, humildemente, desejá-la como única riqueza de sua vida. Quem encontrou, de fato, a Palavra de Deus e Lei da liberdade (cf. Tg 1,22.25) e procura colocá-las em prática, esse sim uma possibilidade salvífica para os que andam as apalpadelas no mundo.

Um forte e carinhoso abraço.



Pe. José Erinaldo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.