“Não erreis: os bêbados não herdarão o reino de Deus”,
diz S. Paulo. A embriaguez é um dos vícios mais vergonhosos e funestos.
O seu efeito imediato é privar o homem do uso da razão e até de seus
membros. Este pecado ultraja a Deus porque mancha e apaga no homem a
imagem de Deus. Pela sua alma o homem é a imagem de Deus. Como Deus, a
alma conhece, ama e quer. Vede agora o escravo da bebida. Onde está a
imagem de Deus? O embriagado é incapaz de formar uma ideia. Semelhante
ao animal, não é capaz de exprimir seu pensamento. Onde estão seus
sentimentos? Só tem instinto de bruto. Onde está sua liberdade? Faz o
que não quer e não faz o que quer. Chega a ponto de não poder ficar de
pé, de não poder dirigir seus passos, de cair.
Um
dia, um bêbado caiu numa sarjeta. Chega um cão, olha, fareja-o
festejando-o com a cauda. O cachorro parecia satisfeito por encontrar um
colega. Mas depois o cachorro foi-se embora, e o bêbado ficou deitado
na lama, porque não podia arredar-se do lugar. Deus fez o homem grande,
diz a Escritura, mas, pelo vício, o homem nivelou-se ao bruto.
O
alcoólico é inimigo de sua alma, porque calca aos pés todos os
mandamentos da lei de Deus. Amai a Deus sobre todas as coisas, diz o
primeiro mandamento. O escravo da embriaguez é do número daqueles que S.
Paulo estigmatiza, quando diz: “Seu ventre é seu Deus”. O bêbado
blasfema frequentemente, roga pragas, jura falso, profana o dia do
Senhor, é mau filho, mau pai, mau esposo, briga, fere, às vezes mata.
Como é raro dois embriagados separarem-se sem trocar uns murros e se
estragar a cara.
Quanto
ao sexto mandamento, são obscenidades de toda espécie, pensamentos,
desejos, palavras, olhares, ações, brutalidades que os próprios
irracionais ignoram. No vinho está a luxúria, diz o Espírito Santo.
O
alcoólico é inimigo de seu corpo. O álcool é um veneno, acaba sempre
por estragar e matar. Exerce um efeito funesto sobre o estômago, o
coração, os rins. Os médicos contam até vinte doenças quase todas
mortais, causadas pelo álcool. De 120.000 pessoas que morrem cada dia,
20.000 morrem diretamente pelos excessos alcoólicos.
O
alcoólico é inimigo de sua família. Uma boa moça regozijava-se na doce
esperança de em breve achar-se ao lado de um moço, o preferido do seu
coração, para levar com ele uma vida cheia de alegria e de felicidade.
Por ele deixou pai e mãe, a ele dá sua mocidade, seu coração, suas
forças, seu trabalho, sua vida. E o moço lhe promete torná-la feliz,
promete-o, jura-o, até, ao pé do altar. E, agora, escravo da
embriaguez chega em casa bêbado, envergonha sua esposa, a contrista, a
descompõe, a maltrata, e, às vezes, deixa-lhe faltar o estrito
necessário. Que ingratidão, que traição!
Este
pecado levanta contra ele um brado de maldição, arrancado de um coração
esmagado. O eco desta maldição subirá até ao trono de Deus, para bradar
vingança contra o violador do amor conjugal.
Mau
esposo, talvez pai pior ainda. Filhos idiotas, raquíticos, epilépticos,
eis, geralmente, a descendência do alcoólico. E estas pobres criaturas
geralmente nascem predispostas ao vício. O fruto não cai longe da
árvore, diziam os antigos. Que educação dará aliás tal pai a seus
filhos? Que ouvem os filhos? Palavras obscenas, conversas ímpias. Que
veem? brigas, escândalos. Pai miserável, que responderás no dia do
juízo, quando Deus te perguntar qual o exemplo que deste a teus filhos?
Renunciai
ao vício, cristãos, e gozareis as satisfações da virtude e da
abundância, os encantos da vida de família, tão puros e tão santos. Que
alegria ver-se objeto da afeição de uma esposa, ter filhos sadios e bem
educados!
Fugi,
pois, do maldito vício da embriaguez. Rezai, frequentai os sacramentos,
afastai-vos da ocasião, principalmente, lembrai-vos da palavra de S.
Paulo: “Os bebedores não entrarão no céu”.
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Continua com a quinta porta: A Má Educação dos Filhos
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